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Enquanto Sybele e Mercês, já
findavam o seu compromisso escolar, onde cada qual por sua livre escolha,
seguiu o curso que quis,e vale frisar bem, sem interferência nem de Papai e nem
de Mamãe. Sybele concluiu a Faculdade fazendo Administração Pública, sendo hoje
em dia, uma das mais eficientes funcionárias do Estado da Bahia. É pena para
“eles “, pois Sybele está prestes a se aposentar.
Mercês, por sua vez terminou o
Curso de Química Industrial. Fez estágio no Pólo Petroquímico, porém“enrolaram”
tanto a garota, que eu tive de trazê-la para Poções e ela foi lecionar Química
no Curso de Magistério da CNEC.
Enquanto isso, chegava a vez de
Dino e Guga,começando cursar a quinta
série na CNEC.
Em janeiro de 1984, Lago me cedeu
a compra de um Passat, em suaves prestações, Eram apenas 13 ( um ano e um mês).
Acontece porém ,que quem nunca viu a inflação de perto, imagine que a primeira
prestação por minha conta foi, de 57 cruzeiros, e aí num crescendo estonteante,
treze meses depois ,paguei a última, no valor aproximado a seiscentos
cruzeiros.
Num belo dia de fevereiro,
combinamos Nó e eu, em darmos um passeio em Maceió, para ver se o carro era bom
mesmo. Era !
Mercês, Dino e Guga viajaram no banco traseiro do carro. Sybele que andava de namoricos com Luiz Eduardo,em
Salvador, avisamos, para seguirem de lá mesmo.
Ajeitamos todo o material
possível e lá fomos nós , saindo daqui de Poções, cerca de 4 da matina.Uma
pequena parada em Milagres para
reabastecimento e um pequeno descanso, seguimos em frente até darmos outra
parada nas cercanias de Aracajú, quando almoçamos, com tudo preparado de
véspera por Dona Nó.A viagem continuou até Maceió e lá chegamos pouco depois
das três e meia da tarde. Um calorão tão ferrado que estacionamos o auto em
frente a um Hotel de boa aparência. Havia uma tabuleta com os preços das
diárias e aí nós ficamos confabulando, quando apareceu um senhor de meia idade
e nos perguntou sobre a hospedagem.
---Se vocês não se incomodam em
ficar fora do centro, mas numa área de bom acesso, eu tenho uns chalés a 16 Km
daqui. Posso levá-los sem compromisso.
Combinamos segui-lo a alguns
minutos depois chegamos num lugarejo com seis chalés compostos por fora, de um
andar térreo e um primeiro andar. Lá dentro, na parte térrea, haviam duas
salas, uma cozinha, despensa a em pequeno sanitário. Dois dormitórios
localizavam-se no andar superior e tudo aquilo encheu as vistas de todos. Era
bem melhor de que ficar num apartamento do hotel. Acertado o preço para sete
dias, por ali ficamos.
O chalé possuía todo o necessário
para uma boa acolhida. Geladeira, fogão a gás,com gás é claro. Louças,
talheres, copos, taças, papelhigiênico, guardanapo e toda essa quinquilharia
miúda para um funcionamento de cada chalé.
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Em frente ao chalé, havia um
chuveiro, que servia para tirar a areia de cada pessoa que viesse da praia e
obrigatoriamente passaria por ali.
Eram seis chalés, mas nem todos
ainda estavam ocupados. Os vizinhos, principalmente e a maior parte
provenientes do sul do país,ficavam fazendo gozação com Sybele e Mercês, porque quando ao conversavam conosco ,diziam:
---Painho !Mâinha ! Vamos à praia
?
A gozação partia por causa das
expressões “painho e mãinha “, por que de onde eles vieram eram acostumados a
falar: meu pai, minha mãe e assim por
diante.
Certa noite .nós fomos à pé
conhecer de perto ,uma vila de pescadores ali próximo. Havia uma pracinha
rústica, com banquinhos de madeira em volta. Uma TV supria as necessidades de
todos, mostrando os programas principalmente da Globo. Num dos casebres,
febrilmente, umas mulheres trabalhavam em algumas fantasias e através de
indagações, soubemos que nos três dias de Carnaval ( domingo ,segunda e terça),
eles iriam desfilar entre os casebres e finalmente brincar no meio da
pracinha.Fomos convidados a participar do Carnaval com eles .
Fomos! Mas acontece que não era o
que eu estava imaginando.O grupo saiu enfileirado, um após o outro(fila
indiana, chamada) ,tocando instrumentos
e cantando,o que fez nos lembrar os ternos de Reis daqui de Poções, com a
mulinha toda multicolorida.Além de tudo isso recolhiam dinheiro, talvez para
financiar os gastos já efetuados.
Numa daquelas manhãs, quando
desfrutávamos de um bonito dia de sol, na praIa, eis que surge repentinamente
um rapazinho de seus dezesseis anos, carregando uma corda de lagostas . Eram
cinco. Três menores e duas bem grandes. Aproximou-se de nós e ofereceu o preço:
---oito cruzeiros ---disse ele, com vontade de vender mesmo. Colocando o
preço que se usa hoje em dia na base do real, compramos as cinco lagostas pela
bagatela de uns trinta reais.
Como ninguém sabia preparar
nenhum prato, levamos essas lagostas e lavamos inicialmente no próprio chuveiro
que ficava defronte ao chalé. Lá dentro então, fizemos um novo asseio.
Colocamos num caldeirão bem grande, água, sal, azeite doce e um pouco de
limão.Depois de cozidas, as lagostas serviram como tira gosto, acompanhando umas cervejinhas geladas. Até chegarmos a hora do almoço ,que na maioria das vezes
nos alimentávamos num restaurante ali próximo
do outro lado da pista . O nome chamativo e interessante” AKI CASÉBRIO
“.Uma duas noites seguidas, fomos jantar em restaurantes na orla de Maceió, não
muito pela variação de sabores, mas por curiosidade, para apreciar o Carnaval
da Cidade.Novamente fez –me lembrar os antigos desfiles da CNEC, com fanfarra e
as alunas na frente servindo de balisas, e aquele todo movimento, com o grupo
atrás, tocando os instrumentos de percussão e de sopro.
A simplicidade era tamanha que
não havia motivo para a mudança daquele esquema.
Foi agradável. Uma semana
diferente do habitual, que deixou a todos, satisfeitíssimos.
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É interessante observarmos que no
ano de 2013, centenas de amigos nossos, através do Facebook trocaram ideias,
analisando a possibilidade de um reencontro entre aqueles que “curtiram”
muito os anos 80 e de fato, durante os
Festejos ao Divino Espírito Santos , um grande grupo se reuniu, ostentando até
um certo tipo de camiseta, que fazia alusão ao evento.
Quando Sybele e Mercês concluíram
os seus cursos não tão de imediato foi o seu aproveitamento.
Mercês praticamente ficou sendo
“enrolada” pelas empresas do Pólo Petroquímico, naquela base do “ vamos ver “.
E aí para não perdermos tempo, a colocamos para lecionar Química no Curso de
Magistério da CNEC
Estávamos em plena gestão do Sr
Otávio Curvêlo e durante esse período, vimos a Itália e a Argentina serem
campeões mundiais de futebol.
Ao adquirirmos em mãos de Lago, um
Passat novinho, botamos o “pé na estrada”. Aquela viagem, começou às 4 horas da
manhã de um certo dia e as primeira parada aconteceu para almoçar, em Feira de
Santana. Quase ao fim da tarde, já estávamos estacionando o veículo, no setor
próprio de um dos hotéis bons da orla de Maceió. Como a nossa aventura era de
conhecer e tambémrecordar algumas capitais
do Nordeste,logo cedo, na sexta feira, seguimos para Recife. Na capital
pernambucana, que ainda não conhecíamos, ficamos o restante de sexta feira e no
sábado cedo, conseguimos através do Hotel, um rapaz que nos ajudasse aconhecer
Olinda , onde passamos agradáveis
horas.À tardinha, retornamos ao hotel depois de termos agradecido ao rapaz pela
condução do passeio. Depois do jantar, demos um passeio pela orla, sentindode
perto a brisa do mar. No domingo, após o café da manhã, prosseguimos em direção
a João Pessoa sentindo que o sol lá fora do carro estava escaldante. À medida
que nos aproximávamosda praia, mais o calor fazia-se sentir. Os hotéis não eram
iguais aos de Maceió, porém à noite ao passearmos, descobrimos razoavelmente um
bem melhor e ali jantamos, ouvindo música ao vivo. Como a distância a ser
percorrida entre João Pessoa e Natal, era bem menor, antes de seguir viagem,
fomosconhecer parte mais oriental do Brasil que fica na ponta do Cabo Branco.Há
pouco mais de um ano, em fevereiro de 1013, fizemos uma nova visita ao local,
que se acha bem modificado, colocação de dezenas de barracas, vendendo miudezas
como lembrança aos turistas e uns poucos bares.
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Na segunda feira, então partimos
para Natal. Ainda não estava sendo explorada turisticamente, mas o fatoé que
não conseguimos alojamento digno nos
poucos hotéis da orla. O consolo foi seguirmos em frente e em Mossoró no
Thermas Hotel e Resort, conseguimos nos alojar.No dia seguinte, fomos verificar
de perto as condições físicas do Hotel.O conjunto de piscinas interligadas, nos
fez atrasar um pouco a viagem, pois daquele tipo ainda não tínhamos visto.Nas duas primeiras piscinas,
você sentia e via de perto a fumaça que se desprendia do seu interior. Então
resolvemos desfrutar de um banho morno e escolhemos uma piscina na ponta do
dedo.Até uns patinhos estavam ali por perto.Um pouco afastados vimos, vacas,
cavalos, perus e outros animais. Eraum Hotel interessante e por isso
mesmo,saímos mais tarde, em direção a Fortaleza.
Na capital cearense, residiam a
irmã de Nó, por nome Jurimar, casada com um funcionário do DNOCS(Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas),por nome Hélio e o seu filho Ícaro. Ali
ficamos hospedados com eles por uma semana e ao regressarmos a Poções,
escolhemos o trecho menor, passando por Petrolina e Juazeiro onde pernoitamos..
Os acontecimentos que se
seguiram, tiveram uma evolução muito rápida, não nos deixando respirar
direito.Assim é que no meado de março, Sybele telefona de Salvador, avisando
que os papéis, para o próximo casamento dela, já haviam sido publicados.
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