Já no retorno de nossa
excursão,passamos por Vila Velha no Paraná (não confundir com Vila Velha , na região
metropolitana do Espírito Santo). Antes mesmo do pessoal descer do ônibus,como
sempre fazia na paradas curtas, Gerusa avisou:
---Atenção gente! Nós iremos visitar
as cavernas, tirar fotos, merendar ali no restaurante e quero ver todo mundo de
volta, dentro do ônibus às quatro e meia, quando então partiremos diretamente a
Curitiba.Em uma das cavernas, há um guia para nos mostrar todo o seu interior e
as formações rochosas existentes. Há também alguns labirintos que podem confundir as pessoas pois se
parecem muito, uns com os outros. Portanto não se esqueçam do horário. Qual foi
mesmo o que eu disse?
---ÀS QUATRO E MEIA.
Quando descemos do ônibus, a
maior parte dos turistas se locomoveu ao
restaurante, pois ali havia com mais folga, diversas cabines sanitárias e até
banheiro, para quem quisesse tomar um banho pago, o que de fato não acontecia no
ônibus, que ostentava uma cabine só e
naquele apertucho incrível.Um guia nos levou por uma das cavernas e foi nos
mostrando o que havia de interessante em
certos trechos. Num trecho onde o desvio era bem acentuado para baixo, vimos diversas estalactites( concreção calcária
pendente que se forma nos tetos das grutas e que tende a se unir às estalagmites,
formadas à partir do solo, resultando na maioria das vezes em verdadeiras
colunas ).As duas são formadas, depois de muitos anos, pelo contínuo gotejar de
água com solução calcária. E assim seguindo os passos do guia chegamos de volta
à entrada e ele anunciou:
---As outras grutas são fáceis de
se percorrer e não haverá a necessidade de minha presença.Bom passeio para
todos.
Num conjunto geral da obra,
observei que muitas das rochas se pareciam com
figuras de animais.Entretanto a que mais me impressionou foi aquela onde
uma pedra lá no alto, dava a impressão de estar solta e que poderia desprender-
se lá de cima a qualquer hora .
Como se estivéssemos numa
excursão pela Inglaterra, a pontualidade britânica imperou. Eram exatamente
dezesseis horas e trinta minutos, quando
o ônibus começou a deslocar-se.E aí naquele zum zum zum dos
comentários,perdemos alguns minutos,até que Gerusa .sentada lá no último banco levantou-se e falou:
---Atenção pessoal. Fiquei
envolvida com as fotos que nós “tiramos” e esqueci de fazer a chamada.
Era costume e porque não dizer,
obrigatório, chamar pelos nomes dos passageiros, cujas listas ficavam sempre em
mãos de Gerusa ou de um dos dois motoristas, que nos acompanhavam , todas as
vezes que partíamos de certo lugar para outro.
Cada nome que era mencionado, a
resposta vinha em seguida, sob diversas formas. “Estou aqui”, “presente”, “Oi” ...
Seguia-se uma série interminável de respostas.
178
Quando Gerusa acabou de fazer a
chamada, estava faltando alguém.
---Glorinha ! por favor Glorinha
deixe de brincadeiras comigo.Estou falando sério com você. Gente, alguém viu a
minha sobrinha?
Gerusa à medida que chamava pelo nome da
moça, percorria todo o interior do ônibus, indo até o compartimento
sanitário que por sua vez estava vazio.
Constatando-se minutos
depois, que a sobrinha dela não estava
dentro do veículo , o jeito foi avisar
ao motorista para retornar a Vila
Velha. Enquanto o veículo engolia a estrada de asfalto,minha mente engoliu em
cheio várias conjecturas. Até que a moça morresse; Mas esse último pensamento,
foi ,lúgubre demais. A nossa vizinha do banco atrás do nosso, chegou a um
rápido comentário:
---Nós residimos em Vitória da
Conquista e por diversas vezes em outras viagens,soubemos das peripécias
executadas por Maria da Glória. E Gerusa
ainda assim , traz a menina...
Finalmente o ônibus estacionou em
frente ao posto, na entrada de Vila Velha.
Que drama ! A moça aos berros,
chorava de dar pena.O rapaz, funcionário da Empresa, explicou aos passageiros.
---Quando alguns dos senhores
precisou dos nossos serviços, expliquei que uma das minas. é muito perigosa,
porque parece um labirinto e se a pessoa não observar os detalhes, fica perdida
mesmo.
Aconteceu então, que, como é meu
hábito diário,quando se aproxima o horário de encerramento, saio pesquisando.
Todo mundo aplaudiu as palavras do rapaz, mas no último banco,
Gerusa com frases simples e severas,
descarregou o que podia sobre o comportamento de sua sobrinha.
O retorno a Curitiba foi tranqüilo e calmo e ainda
chegamos naquele lusco-fusco onde predomina a parte clara.Próximo ao hotel onde
ficamos hospedados, existia uma pracinha e notamos que muitas das barraquinhas ,estavam
ainda funcionando. Assim que fomos liberados daquele protocolo chato do hotel,
fomos ver de perto o que havia na pracinha. Nas barracas vendia-se muitas
lembrancinhas e os excursionistas, aproveitaram para gastar um pouco mais do
dinheirinho que levaram , só para aquele esquema em lembrar dos parentes e
amigos.
Jantamos. Dormimos e logo cedo, após
o café, partimos para o final da aventura. São Paulo.
179
Coincidências existem muitas, na vida da gente. Certa feita,
numa excursão que fazíamos em Recife, eis que de repente, numa daquelas pontes,
surge a figura de um ex-aluno chamado Cristóvão Novais.
Pois bem. Gerusa marcou pra que
saíssemos do hotel, situado em plena Avenida Ipiranga,às 9 horas das manhã.Como
sempre, em todas as atividades de minha vida , prezei pela pontualidade e bem
antes do horário combinado já estava eu , na porta do hotel,com a companhia de
Nó, olhando os milhares de pessoas que por ali passavam.Havia o predomínio muito
grande de pessoas de cor branca, associando-se a aqueles descendentes de
japoneses.Nó estava envolvida mais com as vitrines das lojas vizinhas, enquanto
eu observava os transeuntes.Os japoneses e seus descendentes, passavam,às vezes
em grupos.Mas ,no meio daquele burburinho de sons, ouvi alguém gritar o meu
nome.Parei para me direcionar. Era a voz de uma moça. A insistência era tanta,
talvez para que eu não saísse do local.No mesmo instante, porém , duas companheiras
de excursão, aproximaram-se um pouco arfando, cansadas de terem vindo às pressas
de algum local interessante.
---Onde está sua a esposa ? --- perguntou
uma delas.
Apontando com o dedo,direcionei
as vistas delas para a loja onde Nó estava.
Quando as duas se afastaram
momentaneamente, eis que surge _a minha frente,a figura esbelta de uma linda
moça .
---Dr Irundy!!! --- ela exclamou
--- com toda a força dos seus pulmões.
---Cristina ! --- repliquei—Você saiu
de Poções e veio norar aqui ?
---Estou trabalhando como
diarista doméstica em três apartamentos diferentes e estudo à noite.
---Então você está “fazendo” a sexta série ?
---Isso, Dr. Tenho saudades daquelas
bonequinhas...Olhe aqui uma coisa. Vou falar com toda a minha sinceridade. Não há
Professor de Matemática melhor que o senhor...
Infelizmente o diálogo foi interrompido.
Noélia já veio na frente seguida pelas duas companheiras e foi logo dizendo:
---Dy, vamos ali, pois uma loja
de departamentos, está fazendo um “queima”
.
Coincidência ou não, Cristina
estudara conosco na quinta série noturno
da CNEC e ao final do ano letivo, pedira transferência para São Paulo.Daquele
dia, nunca mais a vi.
Nó e eu, seguimos as duas
companheiras de excursão até o oitavo andar da loja de departamentos, onde num
setor, estavam vendendo bandejas de inox, pela terça parte do preço real. Como não estávamos com dinheiro
suficiente ,para comprar mais de uma bandeja,adquirimos somente aquela por
vinte e quatro mil cruzeiros e
retornamos ao hotel rapidamente, para pegar mais dinheiro e ver se ainda
sobrava tempo, para não atrasar a saída do ônibus.Num relance fomos ao hotel e
voltamos já com os planos feitos. Iríamos comprar mais algumas para oferecer de
presente à nossa volta. Ledo engano. O rapaz encarregado de colocar o preço naquela
mercadoria, havia se enganado e quando descobriram o erro, suspenderam as
vendas de imediato.
O restante do dia foi de passeio
, almoço em restaurante e retorno a Vtória da Conquista já à tardinha..
180
Em uma das reuniões da Câmara de
Vereadores, quando o Sr. Irineu José Sarno,era o Presidente,ele tornou-a especial e solene sendo realizada no dia 15 de outubro de 1987( dia do Professor). Na época, eu ainda
era o Diretor da Secretaria e aproveitei da oportunidade, tendo um belo discurso
,onde apresentei as qualidades de professores como Bohêmia Marinho, Placidia
Dias Macedo, Stela Schettini. Glorinha Macedo, Élia Freitas, Noélia Gusmão
A.Dias,e mais uma dezena de professores presentes, numa demonstração inequívoca
de agradecimentos, num congraçamento total.Segue abaixo, cópia na íntegra da realização da referida sessão.
"ATA ESPECIAL E SOLENE DA CÂMARA DE VEREADORES DO MUNICIPIO DE POÇÕES,REALIZADA EM 15 DE OUTUBRO DE 1987.
Aos quinze dias do mês de outubro do ano de mil e novecentos e oitenta e sete,sob a presidência do vereador Irineu Jose´Sarno e com a presença dos vereadores Romano Schettini,Jonor José Alves,Deusdinéia Macêdo Slva, Otaviano Galdino Freire, Milton Laudelino Silva,Eliezer Marinho de Lima, do representante do Sr. Prefeito, na pessoa do Sr. Roberto Renan de Macêdo, do Diretor da Escola de Primeiro Grau Dr Roberto Santos, Prof. Antonio Cruz,e dos homenageados Professores Hostílio Lisboa Luz, Noélia Gusmão Alves Dias,Placidia Dias Macêdo,Maria da Glória Macêdo da Conceição, Vitória Carolina Pia,Alzira Nascimento Ferreira,Ramária Vitória Correia e Irundy Manta Alves Dias, realizou-se uma sessão especial e solene, da Câmara de Vereadores do Municipio de Poções.O Sr. Presidente comunicou a todos os presentes que ali estavam reunidos, para se comemorar a passagem do Dia do Professor e prestou uma homenagem toda especial aqueles que de há muitos anos vem se dedicando ao Magistério, tanto os funcionários municipais como os estaduais.Depois foi feita a entrega a cada Professor, de um Certificado em nome da Câmara de Vereadores. Nesse interim, leu-se um ofício da Professora Bohêmia Marinho, que por motivo da saúde não pode comparecer à sessão.Em nome do Sr. Prefeito, o seu secretário, Sr. Roberto Renan de Macêdo, dirigiu aos professores algumas palavras de carinho.O Sr. Presidente, representando a Câmara, dirigindo alguma palavras de conforto, alogiou os Professores pelos anos de serviço que vem prestando à Comunidade.Aproveitando do ensejo, passou às mãos do Sr. Antonio Cruz, um cheque, para ser distribuido o dinheiro, entre os alunos que fizeram o melhor trabalho sobre os três poderes da República. O Professor Irundy Manta Alves Dias, fez um breve histórico de sua indicação ao magistério e intercalou elogios pessoais a cada um dos professores homenageados, finalizando com um agradecimento sincero à Câmara de Vereadores.Ninguém mais usando da palavra,o Sr. Presidente parabenizou novamente a todos os professores presentes e em seguida encerrou a sessão, da qual foi lavrada a presente ata, que depois de lida e discutida, será aprovada e assinada por todos os vereadores presentes na forma da Lei."
(Seguem-se as assinaturas dios vereadores, na sua maioria rubricas).
Depois de realizada a reunião, todas
as pessoas que assistiram, fizeram parte de um verdadeiro lanche, onde
salgadinhos e refrigerantes, foram servidos .
Chegando próximo ao final do
ano,solicitei de D.Zusmerinda Curvêlo a
sua presença junto aos órgãos competentes do INSS, pois estava chegando a hora
de dar entrada ao meu pedido de aposentadoria.Ela como amiga nossa de longas
datas não se negou e foi prazerosamente conosco, onde atuou como testemunha às
solicitações que lhe foram feitas reservadamente.
O novo Prefeito, Euripedes Rocha
Lima, que substituiu ao esposo de Dona Zú, na pessoa de Otávio José Curvêlo,
com a ajuda decisiva da vereadora Deusdineia Macêdo, entrou com força
total alavancando muitos setores
importantes do Municipio.
Nesse mesmo período, a Direção da
CNEC Estadual, promoveu uma reunião com os dirigentes e professores dos
colégios dessa região, tendo escolhido a cidade de Itagibá, pois a mesma
serviria de local mais próximo de todas as entidades vizinhas.O acolhimento e a
alimentação até que não foram dos piores, mas a dormida e as reuniões em si, ficaram
muito a desejar.Perdeu-se muito tempo em conversas paralelas, sem nenhum
proveito para qualquer dos colégios participantes e some-se a tudo isso, dois dias
úteis praticamente perdidos.O certo é que a reunião não deu em nada de útil,
para os colégios das CNEC, que salvo alguns, viveram sempre com migalhas.
Inclusive o nosso.
No ano seguinte, logo depois do
nascimento do nosso segundo neto, Yann em 26 de setembro, Mercês recém operada,
foi a Jequié, com todo o apoio nosso, submeter-se a um Concurso promovido pela
Caixa Econômica Federal. O resultado saiu
uns dias depois:APROVADA. E daquele momento em diante, Mercês foi uma
das mais novas aconomiárias do País.
181
Certo dia, lá no nosso gabinete
dentário, recebi pelos Correios uma correspondência,onde o INSS me concedia a
aposentadoria, mas num certo trecho, dizia que se eu continuasse trabalhando na
profissão, teria que recolher num
carnet, mensalmente, determinada importância.
Antes de terminar á década, o
Municipio de Poções, elegeu o jovem Antonio Edvaldo Macêdo Mascarenhas,ex-aluno
nosso da CNEC. Mais conhecido como Tonhe
Gordo, nos primeiros dois anos de governo, procurou ajudar aos prefeitos das
cidades vizinhas, deixando o nosso em segundo plano.Essa política de boa
vizinhança,não foi boa para o nosso Município, cuja população estava começando
a criticá-lo, entretanto ele projetou o seu nome além fronteiras, de tal modo
que mais um tempo depois, foi escolhido para Presidente da União dos Prefeitos
da Bahia.
Maria Augusta, a nossa Guguinha,que
havia concluído o Curso de Magistério, aproveitou da oportunidade, para também
fazer o Curso de Contabilidade, já agora,em companhia do seu futuro esposo Ubiramar
Gomes de Oliveira. Finalmente em 27 de abril de 1990 eles se casaram.
E foi também naquele ano de 1990,
que algo inesperado sacudiu mortalmente a nossa família
Armando, tendo vindo com a família
de Paulo Afonso, conseguiu exercer a sua profissão de médico., em duas empresas
do Polo Petroquímico. A Acrinor e a Nitrocarbono.Contei até que durante o
período que Mercês precisou fazer estágio de Química Industrial, foi Armando que colocou-a lá no
Polo.
Em 31 de março de 1990, dia do
seu aniversário, ele fez uma pequena comemoração em casa , tomando uns goles de
vinho, pois no dia seguinte iria trabalhar.
Mas o primeiro de abril, não
deixou executar o que queria. Amanheceu febril e de imediato telefonou às empresas
solicitando despensa dos serviços.
Passou o dia todo indisposto,
tendo recorrido a remédios caseiros e antipiréticos.
Como no dia 2 o aspecto geral não
mudara ainda em nada, mesmo assim ele se dirigiu ao Polo e solicitou fazer uns
exames de laboratório.
Com a chegada dos primeiros
resultados e a insistência de outros novos exames, descobriu-se ao final de
algum tempo que uma leucopenia insidiosa, estava aos poucos ,destruindo suas defesas
leucocitárias. Os meses seguintes, já com os cuidados de colegas especialistas
no assunto, foram de expectativa. Vale
salientar que na noite de São João, nós nos reunimos em grupo e ajoelhados, fizemos
uma prece fervorosa.
6 de julho de 1990 ! Beatriz,
telefona de Salvador, dizendo que Armando falecera.O sepultamento seria aqui em
Poções.
182
O transtorno na família foi geral. Meu Manduca nos deixou uma lacuna tremenda. É aí num ímpeto poético, tracei alguns rabiscos, sem quase rima nenhuma e menos métrica, para suprir aquela dor que me agonizava o peito. Eis o que consegui :
( preâmbulo )
1
Quisera eu ter a facilidade De versejar fácil. Não minto,
para nesta hora de adversidade Externar tudo o que sinto.
2
Gostaria de falar bem da vida Para aqueles que tem sorte
De não perder pessoa querida Num caso extremo de morte
3
Iremos do Manduca falar Sobre a infância, adolescência,
quando aprendeu a amar na mais simples inocência
4
Uma parte de sua biografia irei rebuscar na memória
como se fosse uma radiografia que fará parte da história.
5
Sobre a doença,,também, tão repentina Que voraz, renitente e soturna
Foi batizada pela medicina "Hemoglobinúria, paroxistica noturna"
Pequena biografia
6
O oitavo dos dez, você nasceu Em Iguaí, ano de quarenta e três.
Em oitavo lugar você morreu Deixando Fonso e eu, prá outra vez.
7
Brincando futebol lá na Praça De Iguaí, correndo eu o via,
Atrás da bola com graça Vibrando a cada gol que fazia.
8
Até nos banhos do Rio Gongogi E você não sabia nadar.
Ficava muitas horas por ali Deixando o cabelo secar.
9
E quando Papai descobria Era uma surra danada
Mas ,novos conselhos dizia Num segundo, nossa vida é nada.
10
Em 50, nos mudamos prá Poções Deixando com saudades Iguaí.
O curso primário e suas lições Manduca concluiu por aqui.
11
Na Rua de Morrinhos, um campo havia E um torneio realizamos para a garotada.
No Grêmio, de zagueiro, você ia Disputar a bola com a meninada.
12
Do Estrelinha ganharam muito bem Seguindo-se Vasco e Botafogo
Inter e Flamengo também. Como se nada houvesse de novo
13
Com Elizaldo, Renan, Dena E outros mais companheiros,
Perderam pró Palmeiras. Que pena ! Nos dez minutos derradeiros.
14
Fez o Ginasial em Salvador E o Colegial também estudou
No Vieira e Central, com amor Que no Vestibular logo passou.
15
Seguiu a carreira do Vovô Manta De Papai, Natalino, assim me lembro
Que da Medicina com ânsia tanta Absorveu, para se diplomar em dezembro.
16
Numa linda festa de formatura Nesse mesmo dia se casou
Com sua Beatriz ,que doçura De mulher que você amou.
17
Em Paulo Afonso foi clinicar Num começo de vida bem duro.
Aos poucos, sua renda fez prosperar Prá enfrentar o ingrato futuro.
18
E o Silvinho logo apareceu Para enriquecer mais o seu lar
Depois o Serginho nasceu Fazendo a família aumentar.
19
Gustavo e Aline chegaram E o quarteto ficou formado
Prá Salvador vocês voltaram Com um patrimônio começado
20
Reiniciou logo suas atividades De médico, no Polo de Camaçari,
Que hoje não temos saudades Da doença que você adquiriu, ali.
21
Assim se foram no Polo, 13 anos De dedicação com todo ardor
Muitas lutas e trabalhos insanos Com disposição e muito amor.
22
E o benzeno aos poucos lhe corroía Seus leucócitos sem saber de nada.
O dinheiro ganho, nada valia Pior a saúde, que ficou zerada.
23
Os projetos, os planos que fez Prá enfrentar esta vida dura
Foram-se todos de uma só vez Nos deixando um rio de amargura
24
Como da vida nada se leva Já nos diz um ditado popular
Vem a morte, sinistra, que nos ceva Você, Manduca, que só fez nos amar.
25
Manduca, nosso irmão querido Com tanta dor você nos deixou
O nosso coração ficou ferido Porém, aumentou mais o nosso amor.
26
Você fez o bem àqueles que precisaram De sua medicina com abnegação
Porisso sempre todos o amaram Com palavras, gestos e gratidão
27
Foi muito injusto o destino Que você teve meu querido irmão
Eu que o vi desde menino Lutando pela vida como um leão.
28
Analisem portanto comigo A nossa vida na Terra.
Morre um irmão, um amigo E logo tudo se encerra.
( Despedidas finais )
29
É Mamãe Olinda com sua dor Ao vê-lo partir assim, sem medo
Deixando para nós um pavor De irmos também tão cedo
30
Beatriz, sua eterna namorada Que o amou desde criança
Fica agora resignada Mas com fé e esperança
31
De conduzir meus sobrinhos para o bem Incentivando-os sempre a estudar
Para vê-los mais tarde com alguém Como um novo Armando, no lar.
32
Sejam médicos ou dentistas Professores ou Engenheiros
Talves,quem sabe, artistas Como seu pai ,verdadeiros.
33
Julia, Têca, suas cunhadas Que o amaram prá valer
Ficaram muito arrasadas Ao vê-lo, tão jovem,morrer.
34
Affonso, o poeta, nosso irmão Comovente poesia o dedicou
Do fundo do seu coração Assim que você nos deixou.
35
Sybele,Mercês,Guga e Dino, Seus sobrinhos de estimação
Prantearam sua morte, menino Com a mais profunda emoção
36
De Noélia, nem sei se vou falar Corretamente o que ela sentiu
Como uma irmã o fez amar Chorando assim que você partiu
37
Foi uma cena de tamanha dor Que presenciei em Nó, querida
Despedindo-se com muito amor De você Manduca, desta vida
38
Também vi no parente e no amigo Profunda expressão no olhar
Cada qual pensando consigo O pouco que pôde emprestar
39
São horas de dor e agonia Em cada face estampada
Em cada rosto, se via O perto do tudo ou do nada.
40
São instantes deamrgura Num sentimento profundo
Onde a vida fria e dura Diz : "nada somos neste mundo"
41
Uma foto sua como lembrança Na passagem curta desta vida
Um gesto, uma palavra, a esperança De reviver sua imagem querida
Silvio Caetano, sendo o mais
velho dos filhos, tendo completado há poucos meses, 19 anos, encabeçou a lista
dos demais . Seguiram-se Sergio , Gustavo e Aline que sofreram em sua
adolescência aquele rude golpe. O tempo cura
as feridas e hoje em dia todos eles estão formados( Silvio e Sérgio em
medicina, enquanto Gustavo e Aline preferiram Direito), constituíram suas
famílias numa média de quase dois filhos.
Dois dias depois, a Alemanha
vencia a Argentina no jogo final Copa do Mundo de Futebol, sagrando-se pela
terceira vez, campeã .
Para aliviar a tensão daqueles
três meses, com a doença e morte do mano Armando,Noélia e eu resolvemos fazer
uma excursão. Saindo de Salvador e fomos conhecer Goiânia, Brasília, Caldas
Novas e todo o circuito das águas, como Caxambu ,águas de LIndóia, sÃO loURENÇO E OUTRAS CIDADES COMO sERRA nEGRA E
mONTE sIÃO.
Retornamos por Belo Horizonte e
ao chegarmos em Vitória da Conquista, solicitamos que ao passarem em Poções, dessem uma paradinha
em em nossa residência. O que foi feito e daqui seguiram viagem a Salvador.
Ao chegarmos em Poções, recebemos
uma comunicação de Beatriz, que no dia 6 de agosto, em Salvador, eles iriam
mandar celebrar uma missa em ação de graças pela alma de Armando, visto que
naquela noite, faria um mês do seu falecimento.Aconteceu que, justamente no
horário da missa,Dona Julia Almeida, irmã de Beatriz e Tereza, falecia aqui em
Poções, praticamente nos braços de Noélia, sendo que esta, ainda tentou levar ao Hospital,mas nada
poderia ser feito.Com muito cuidado, tivemos que enviar o aviso, que foi
recebido dentro da Igreja, onde eles rezavam pela alma de Armando.
Depois ,foi um corre-corre tremendo,
enquanto aqui em Poções, fui providenciando o necessário para o velório.
E assim , logo depois das nove da
manhã,com as presença de alguns parentes que chegaram a comparecer, fizemos o
sepultamento de Dona Julia, no Cemitério Bela Vista.
Para Beatriz e Tereza foi uma
perda uma em sequência a outra, que provavelmente produziram um grande efeito
dominó.
183